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O guia definitivo do Ozempic: tudo o que você precisa saber antes da primeira dose

Ozempic virou sinônimo de 'injeção para emagrecer' nas redes sociais, mas, na prática, é um medicamento criado para tratar diabetes tipo 2 e que exige acompanhamento médico rigoroso.

12 min de leitura
Atualizado em Dezembro 2025

Disclaimer importante: Este conteúdo é informativo, não substitui consulta com médico ou nutricionista e não deve ser usado para automedicação, ajuste de dose ou suspensão de tratamento. Sempre discuta qualquer decisão sobre Ozempic com um profissional habilitado.

O que é o Ozempic?

Ozempic é o nome comercial de um medicamento injetável cujo princípio ativo é a semaglutida, uma molécula que imita a ação do hormônio GLP‑1 produzido pelo intestino. A semaglutida pertence à classe dos agonistas do receptor de GLP‑1, usados principalmente para controle glicêmico em diabetes tipo 2.

No Brasil, Ozempic é aprovado pela Anvisa como adjuvante à dieta e exercício para adultos com diabetes mellitus tipo 2 insuficientemente controlado, podendo ser usado em monoterapia ou em combinação com outros antidiabéticos orais e/ou insulina. Apesar de ser amplamente utilizado para perda de peso, a versão Ozempic em si não tem, na bula, indicação formal para tratamento de obesidade; essa indicação é da semaglutida na formulação específica Wegovy, aprovada para obesidade.

Como o Ozempic funciona no corpo?

Ozempic age ativando os receptores de GLP‑1 no organismo, reproduzindo o efeito do hormônio natural que ajuda a controlar açúcar no sangue, apetite e esvaziamento do estômago. Esse efeito "multialvo" explica por que o medicamento atua tanto no controle do diabetes quanto na perda de peso em muitos pacientes.

  • No pâncreas: a semaglutida aumenta a secreção de insulina pelas células beta e reduz a liberação de glucagon pelas células alfa, mas principalmente quando a glicose está elevada, ajudando a reduzir hiperglicemia com menor risco de hipoglicemia isolada.
  • No cérebro: o fármaco age em receptores de GLP‑1 em áreas do hipotálamo ligadas à fome e saciedade, diminuindo o apetite e fazendo com que a pessoa se sinta satisfeita com menos comida.
  • No estômago: Ozempic retarda o esvaziamento gástrico, mantendo o alimento por mais tempo no estômago, o que contribui para maior saciedade, mas também está por trás de sintomas como enjoo e sensação de estômago cheio.

Para quem é indicado (e para quem não é)?

Pelas regras da Anvisa e pela bula, Ozempic é indicado para adultos com diabetes tipo 2 que não atingiram bom controle glicêmico apenas com dieta, exercício e/ou outros medicamentos, podendo reduzir HbA1c, peso corporal e risco de complicações cardiovasculares em determinados perfis. Em muitos casos, é prescrito quando metformina e outras terapias isoladas já não são suficientes ou quando há necessidade de benefício adicional em peso.

O uso para emagrecimento em pessoas sem diabetes, embora muito difundido, é considerado off‑label quando feito com a apresentação Ozempic, ou seja, fora da indicação registrada em bula. Nesses casos, a decisão deve ser individualizada, considerando IMC, presença de comorbidades e avaliação de risco/benefício, idealmente com endocrinologista ou médico com experiência em obesidade.

Contraindicações importantes

Algumas situações tornam o uso de semaglutida desaconselhado ou exigem extrema cautela. Entre os principais pontos:

  • Histórico pessoal ou familiar de carcinoma medular de tireoide ou síndrome de neoplasia endócrina múltipla tipo 2 (MEN2), devido a achados de tumores de tireoide em estudos com roedores.
  • Gravidez, planejamento de gestação ou amamentação, pois não há segurança estabelecida para uso rotineiro nesses períodos; geralmente recomenda‑se suspender antes de engravidar.
  • Pancreatite prévia, doença hepática ou renal graves, problemas importantes na vesícula biliar e uso concomitante de outros fármacos que aumentem risco de hipoglicemia, como insulina ou sulfonilureias, precisam de avaliação individual.

Efeitos colaterais do Ozempic: a verdade nua e crua

Os efeitos adversos gastrointestinais são os mais comuns e, na prática, funcionam como um "pedágio" frequente para quem inicia o tratamento. A intensidade varia bastante: algumas pessoas sentem apenas incômodo leve; outras não toleram a medicação mesmo com ajuste de dose.

Efeitos comuns (o "pedágio" do tratamento)

De acordo com bulas e estudos, os eventos mais relatados incluem:

  • Náusea e enjoos, principalmente nas primeiras semanas ou a cada aumento de dose.
  • Vômitos e sensação de empachamento (estômago muito cheio).
  • Diarreia ou, em alguns casos, constipação intestinal.
  • Dor abdominal, gases, azia e perda de apetite, o que contribui para o emagrecimento, mas pode ser desconfortável.

Para suavizar esses sintomas, costuma ajudar comer devagar, fracionar refeições, evitar grandes volumes de gordura e álcool e manter boa hidratação, sempre com orientação de nutricionista ou médico.

Efeitos raros, mas graves

Embora menos frequentes, alguns efeitos adversos exigem atenção redobrada e busca imediata de atendimento. Entre eles:

  • Pancreatite aguda, que pode causar dor abdominal forte e contínua, geralmente em faixa nas costas, acompanhada de náuseas e vômitos.
  • Problemas na vesícula biliar, como colelitíase e colecistite, com dor intensa no lado direito do abdome, febre e mal‑estar.
  • Hipoglicemia sintomática (tontura, suor frio, tremores, confusão) quando Ozempic é associado a insulina ou sulfonilureias, pois o efeito combinado pode baixar demais a glicose.

Se você apresentar dor abdominal intensa, vômitos persistentes, sinais de icterícia (pele amarelada), alteração visual súbita ou sintomas neurológicos diferentes do habitual, procure um médico imediatamente ou um pronto‑atendimento.

Resultados esperados: o que dizem os estudos?

Ensaios clínicos com semaglutida em diabetes tipo 2 (programa SUSTAIN) mostram reduções significativas de HbA1c e perda de peso em comparação a placebo e a outras terapias, com parte dos pacientes alcançando metas glicêmicas rigorosas. Em muitos estudos, a perda de peso média com doses padrão para diabetes ficou em torno de alguns quilos, com variação conforme dose, tempo de uso e mudança de estilo de vida.

Nos estudos de semaglutida para obesidade em doses maiores (programa STEP, na formulação Wegovy), pacientes com sobrepeso ou obesidade sem diabetes chegaram a perder, em média, cerca de 15% do peso corporal em pouco mais de 1 ano, quando associados a dieta e exercício estruturados. Ainda assim, os resultados individuais variam muito, e o medicamento não substitui ajustes duradouros de alimentação, sono, manejo de estresse e atividade física.

Como usar e dosagem (a caneta aplicadora)

Ozempic é aplicado por via subcutânea (baixo da pele), geralmente na região do abdome, coxa ou braço, utilizando uma caneta injetora pronta para uso. A aplicação é feita uma vez por semana, no mesmo dia, com ou sem alimentos, o que facilita a adesão em comparação a medicamentos de uso diário.

O tratamento costuma seguir um esquema de "titulação de dose": começa‑se com uma dose baixa semanal (por exemplo, 0,25 mg), que é aumentada gradualmente (0,5 mg, 1 mg e, em algumas apresentações, 2 mg) para que o corpo se adapte e para reduzir o risco de efeitos gastrointestinais. A dose ideal e a velocidade de aumento devem ser sempre definidas pelo seu médico, com possíveis ajustes para idade, função renal, associação com outros remédios e tolerância aos efeitos.

Preço e acesso no Brasil 2025

Em 2025, o Ozempic 1 mg apresenta preço de referência em torno de 1.000 reais por caneta em muitas farmácias brasileiras, após redução recente próxima de 20% anunciada pela fabricante. Dependendo de programas de benefícios de medicamentos (PBM), região e farmácia (como Droga Raia, Drogasil e Drogaria São Paulo), o valor pago pelo paciente pode ser menor, mas ainda representa um custo significativo mensal.

Ozempic exige receita médica simples (branca) de controle especial, que geralmente fica retida ou registrada conforme a política da farmácia e normas locais. O medicamento não é disponibilizado rotineiramente pelo SUS nem pela Farmácia Popular para tratamento de obesidade, sendo eventualmente oferecido em protocolos específicos voltados ao diabetes em alguns serviços.

Perguntas frequentes sobre Ozempic (FAQ)

Ozempic causa "rosto de Ozempic" (flacidez facial)?

A expressão "rosto de Ozempic" se refere à flacidez e perda de volume no rosto de pessoas que emagrecem rápido usando semaglutida ou outros medicamentos emagrecedores, não a uma ação direta do remédio na pele. O que ocorre é que a perda acelerada de gordura facial pode evidenciar rugas e sulcos, especialmente em quem já tinha predisposição, algo que também acontece com emagrecimento rápido por dieta ou cirurgia bariátrica.

Posso beber álcool durante o tratamento?

O uso moderado de álcool não é estritamente proibido na bula, mas a combinação de álcool com diabetes e medicações hipoglicemiantes aumenta o risco de hipoglicemia e de irritação gastrointestinal. Além disso, como Ozempic já pode causar náusea, azia e desconforto gástrico, bebidas alcoólicas tendem a piorar esses sintomas, de modo que muitos especialistas recomendam limitar ao máximo o consumo e evitar beber em dias de enjoo.

O peso volta tudo depois que parar de usar?

Estudos com semaglutida em obesidade mostram que, após a suspensão do medicamento, parte significativa do peso perdido tende a ser recuperada ao longo dos meses, principalmente quando hábitos de alimentação e atividade física não foram consolidados. Isso acontece porque o remédio deixa de atuar nos centros da fome e na regulação da saciedade, e o corpo volta gradualmente ao padrão anterior, reforçando a ideia de que Ozempic é uma ferramenta terapêutica e não uma solução isolada.


Fontes e referências principais: Bula do paciente e profissional do Ozempic – Novo Nordisk / Anvisa; Informes técnicos sobre semaglutida e GLP‑1 – CFF, InfoSUS e Anvisa; Revisões científicas e resumos clínicos sobre semaglutida (StatPearls, programas SUSTAIN e STEP); Artigos e materiais educacionais de profissionais em endocrinologia e metabolismo.

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GLP1Portal

Redação GLP1Portal

Conteúdo baseado em bulas oficiais, documentos da Anvisa e estudos clínicos revisados por pares.